quinta-feira, 14 de abril de 2011

Enxurrada causa danos ao Centro dos Estudantes de Pós-Graduação em Antropologia da UnB

Neste último domingo caiu uma grande enxurrada em Brasília. Choveu muito num curto espaço de tempo. Acabou que quem levou a pior foram os estudantes da UnB. O andar subterrâneo do ICC ficou completamente destruído. Estimativas apontam que a Universidade precisará de R$ 20 milhões para se recuperar dos estragos ocasionados pela chuva. A rádio e a emissora de televisão foram seriamente atingidas, assim como vários anfiteatros e centros de pós-graduação, entre eles o de antropologia. 

Ontem fui buscar alguns livros que havia deixado na Katakumba, centro dos estudantes de pós-graduação do departamento de antropologia, localizado no subsolo. O impacto foi grande! Realmente muito triste ver um espaço como aquele completamente destruído. A força da água é realmente impressionante: livros, cadeiras, mesas e estantes destroçadas, muita sujeira por toda parte. Realmente lamentável! Vai dar o maior trabalho reconstruir tudo. Lamento por aqueles que perderam livros e documentos importantes... Espero que a reitoria ajude no processo de reconstrução.

A Katakumba já acolheu muitos antropólogos nas últimas décadas. Uma exceção em departamentos de antropologia brasileiros, o espaço fornecia uma estrutura mínima para que os estudantes que não podiam ou não queriam estudar em casa pudessem levar adiante os seus trabalhos. A maior parte das salas tinha computador, mesas e estantes. Havia também um salão de leitura (área de descanso e muita criatividade!) e uma pequena cozinha, onde os estudantes costumavam tomar café e trocar idéias.

Nos dois primeiros anos de doutorado, costumava ir quase todos os dias pra lá. Assim como outros tantos “estrangeiros”, o lugar funcionava como um ponto de encontro e um espaço de socialidade para os recém chegados em Brasília. Todos os estudantes, mesmo aqueles que não freqüentavam o espaço diariamente, já passaram em algum momento por lá pra trocar idéias com colegas ou participar de alguma atividade alternativa. Desde que retornei pra Brasília, em 2010, passei a trabalhar em casa por uma questão de comodidade. De qualquer forma, sou muito grato por ter contado com o apoio e a infra-estrutura do local, assim como outros tantos colegas que passaram por lá nas últimas décadas.       

Tudo bem que o ambiente sempre foi um tanto insalubre. Afinal, fica no subsolo, sem janelas, muito mofo e pouca circulação de ar. Mas as salas são bem amplas, apesar de não haver espaço para todos os estudantes. De qualquer forma, é um lugar que proporciona a troca de conhecimentos e impressões sobre o mundo e sobre a antropologia. Acho que a Universidade deveria valorizar mais esses espaços de convivência estudantil, que foram desaparecendo na mesma medida em que foram aparecendo os restaurantes, lojinhas e lanchonetes (olha o capitalismo aí)...

Na UFRGS, lembro que tivemos que ocupar um Centro de Convivência que havia sido transformado pela reitora em um restaurante. Acampamos no local durante dias, desenvolvendo uma série de atividades: teatro, shows e grupos de estudo. Com o tempo, a reitora se convenceu que o espaço deveria voltar ao controle dos estudantes, o que acabou acontecendo após um ou dois anos de manifestações e mobilizações. Com isso, os alunos dos cursos de humanas e ciências naturais ganharam um espaço para conviver e viver o espírito de uma comunidade acadêmica, o que certamente foi importante na formação de todos que passaram por lá.


Espero que a Katakumba seja reconstruída e continue servindo como um espaço de criatividade e intensa convivência estudantil! 

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