sábado, 4 de dezembro de 2010

Nas Margens do Diário de Campo - Manaus (Parte I)

Durante o período que permaneci em Manaus para conduzir meu trabalho de campo em uma rede de laboratórios de farmacologia e uma comunidade de ribeirinhos do alto Amazonas (onde as plantas medicinais eram coletadas), busquei viver a cidade e seus arredores. A capital do Amazonas é uma grande metrópole, com grandes avenidas, um trânsito insuportável e praticamente tudo aquilo que você encontraria nas grandes cidades das regiões sul e sudeste. A estética moderna e urbana foi reproduzida nos mínimos detalhes e Manaus cresceu e se desenvolveu muito nas últimas décadas.


Mas não se engane com as aparências. Olhe com mais cuidado que você irá descobrir que por trás das grandes avenidas tudo é um pouco diferente. O calor é úmido e constante. O povo acolhedor, simpático e de uma beleza impressionante. Basta andar pela cidade para termos a clara sensação de estarmos diante de outro Brasil, muito mais próximo da estética urbana dos países andinos do que propriamente do sul e sudeste brasileiro. Inclusive, é mais comum os moradores locais conhecerem os países vizinhos como Venezuela e Colômbia, do que o Rio de Janeiro ou São Paulo. A impressão é que a região está mais conectada com o norte da América do Sul do que com o restante do Brasil, certamente, devido ao seu isolamento geográfico em relação às demais regiões do país.



Na cidade, existem alguns passeios que vale apena fazer. Uma visita ao Teatro Amazonas – uma das construções mais lindas da cidade - é fundamental. Além das visitas diurnas, existe um cronograma intenso de eventos promovidos à noite. Tive a oportunidade, por exemplo, de assistir um show com Bibi Ferreira interpretando Edithe Piaf, com acompanhamento da Orquestra Filarmônica: foi lindo ver o local praticamente lotado e em pleno funcionamento. O teatro em dia de evento se transforma e é ótimo imaginar como deveria ser na época em que o local era o centro da vida social dos grandes barões da borracha. A visita diurna também é interessante, pois é possível conhecer um pouco mais sobre a história do teatro, seus personagens mais famosos, o período em que permaneceu fechado e sua reabertura já mais recentemente. Mesmo assim, para quem quiser viver o teatro de forma mais densa, sugiro visitá-lo em noite de evento, quando é possível respirar o passado no presente.




O Largo onde está localizado o Teatro Amazonas é um dos lugares mais bonitos de Manaus, ótimo para se visitar aos finais de tarde, principalmente, no domingo, quando a praça vira o centro de artistas itinerantes, bares, cinema ao vivo e outros tantos encantos. O local tem uma ótima infra-estrutura de cafés, restaurantes e bares.

O Bar do Armando, por exemplo, é um ponto de passagem obrigatório, seja devido à sua ótima localização (no largo do Teatro Amazonas), seja devido à figura mítica do próprio Armando, um português de 75 anos que teve a feliz idéia de fundar o bar, ainda na década de 1960.

Apesar de não estar localizado no Largo, vale apena conhecer a Cachaçaria do Dedé, um paraíso onde é possível encontrar um rico cardápio de cachaças e cervejas, além de pratos típicos da região. Outro ponto de passagem obrigatório ficava perto da minha casa: o Galvez, um simpático boteco com petiscos maravilhosos e um ambiente mais que agradável. Ótimo lugar para fazer aquela “hora feliz” com os amigos ao final do dia.

Manaus está repleta de ótimos restaurantes onde é possível provar pratos típicos regionais. Existe um, localizado no bairro Ponta Negra, próximo a praia, com um cardápio onde é possível encontrar iguarias como Jacaré, peixes regionais como o Pirarucu e tartarugas (entre outros). A cidade é excelente para quem gosta de fazer “turismo culinário”: existem vários restaurantes espalhados pela cidade, cada um melhor do que o outro.

A Praia da Ponta Negra é linda. O final de tarde pode ser algo extraordinário. Vale apena ir ao final do dia e iniciar a noite tomando uma cervejinha em um dos tantos bares espalhados pela orla.





O “Bosque da Ciência”, no INPA, é interessante de se visitar pelo menos uma vez. Além de uma trilha onde é possível encontrar árvores, plantas e até mesmo alguns animais amazônicos, existe uma exposição falando um pouco mais sobre a história da ciência na região.


Bom, por ora é isso. Na próxima parte vou falar sobre os arredores de Manaus: as praias do rio Negro, o “Paraíso das Cachoeiras” (Presidente Figueiredo), os passeios de barco e as comunidades ribeirinhas.

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